NBR 15575- O caminho entre a Decisão e a Responsabilidade

Atualmente, percebo que ainda existe uma inadequação dos papéis dos envolvidos no ciclo do empreendimento em relação à NBR 15575.

Muitas áreas das empresas Incorporadora e Construtora permeiam o empreendimento e cada uma delas cabe sua parcela de ação e consequentemente responsabilidade.

Quando falamos em ação, é mais fácil entender a responsabilidade, como por exemplo, a ação de comprar um determinado material. Ele já foi especificado dentro do desempenho pretendido e cabe ao responsável pela área de suprimentos, comprar o material, ou até substitui-lo, mantendo as características de desempenho já definida.

Mas e quando falamos de “decisões” e não de “ações”? Como saber as consequências de uma decisão quando falamos de Desempenho do Edifício?

Uma situação muito comum e básica, acontece em relação à cor da fachada do edifício.

Uma “decisão” que é tomada, no início, e geralmente comercializada, sem que se entenda o comportamento daquela cor na Zona Bioclimática do empreendimento.

E não podendo ser alterada, implica em soluções certamente não consideradas no custo da obra.

Exemplo clássico, são as fachadas escuras nos empreendimentos nas zonas bioclimáticas mais quentes, e também onde não são consideradas as diferenças dentro de cada Zona. Sim, porque numa zona bioclimática 3, temos várias condutas de condicionamento térmico, definidas na NBR 15220, e que devem ser consideradas na concepção do projeto.

Ao tomar essa decisão de PROJETO, sem o conhecimento do comportamento térmico, a manutenção dessa decisão e a consequência dela, vão diretamente para o custo da obra.

Por exemplo: a fachada definida em cor escura que não atende os critérios de mínimos de transmitância térmica das paredes externas, para ser mantida, deverá contar com tratamento térmico especial, certamente não considerado no custo. E esse custo é geralmente alto.

A diferença de custo entre uma argamassa de assentamento de cerâmica tradicional e uma argamassa térmica é de 1 para 10, ou seja, o que foi considerado no custo em relação a esse item vai custar 10 vezes mais que o planejado.

E assim, muitas outras decisões são tomadas sem a consciência do caminho que essa decisão vai percorrer, distribuindo reponsabilidades para o Projeto Executivo, Suprimentos e Obra, para que seja mantido o Desempenho do Edifício.

Quase tudo tem solução, mas saber o quanto vai custar é obrigação de todos os profissionais envolvidos no Projeto de um Empreendimento Imobiliário, desde o responsável por Novos Negócios, Projetistas, e todos que em suas funções, tomam decisões, ou viabilizam essas decisões.

O objetivo de todos os envolvidos no processo é um só, e usando o aprendizado de um grande líder e exemplo de gestor, precisamos ter clareza de que “Todos nós vendemos apartamentos”.